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terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Marco Atílio analisa o secretariado do governo de Parauapebas




O apostador

A equipe que subiu o Morro dos Ventos com o prefeito eleito, Darci Lermen, foi anunciada nos instantes finais de 2016. 

Não se sabe ao certo o porquê do anúncio faltando apenas 72 horas antes da posse, mas tudo bem, antes tarde do que nunca, o importante é que todos ja sentaram nas suas poltronas.

Transcorrida apenas uma semana já temos o suficiente para uma análise inicial.

Muito se discute sobre a competência e representatividade de alguns escolhidos. Fala-se de secretários que podem pôr em risco até mesmo o projeto político de Darci Lermen, tamanha a inaptidão para o cargo. 

Tem secretário com nome "hollywoodiano", tipo Michael Jackson e Dion Leno, pesando nos ombros de ilustres desconhecidos.

Ficou evidente que Darci não quis criar problemas com os partidos que compuseram a aliança em sua campanha, todos tiveram a OPORTUNIDADE de indicar representantes no primeiro escalão.

O fato é que essa primeira OPORTUNIDADE sorriu unicamente para os presidentes de partidos políticos, seus filhos e até para uma gerente de uma empresa de um deles. Ainda bem que só temos 16 partidos políticos apoiando o governo. 

Informações dão conta que não há secretários indicados por vereadores. Como o Brasil vive uma democracia que impõe governos de coalizão, deduz-se que Darci deve ter encontrado uma nova forma de governar. 

Desde a fundação da república, governos só permanecem de pé com o apoio do Legislativo. Nem mesmo governantes com os maiores índices de popularidades, como Lula, por exemplo, ousaram governar sem apoio parlamentar. Isso é uma aposta cujo risco de não dá certo é de quase 100%.

E apoio parlamentar é formado com cargos no executivo. Simples assim. 

Penso que, ao nomear gente desconhecida, de competência duvidosa, sem a menor experiência administrativa, representatividade política ou apoio legislativo – a exceção é Raimundo Neto –, Darci Lermen fez uma aposta alta, alta e perigosa.

E por que considero uma aposta perigosa?

Simples, a máquina administrativa se encontra em frangalhos: falta de água, débitos com fornecedores, caos total na saúde, caos na educação, servidores desmotivados, empresas viciadas, obras inacabadas, violência em níveis alarmantes e alta taxa de desemprego são apenas alguns dos problemas que assolam a cidade.

Penso que para contornar esses e outros problemas o governo formado teria que ser de excelência. Os secretários teriam que ir além do simples currículo – que já é coisa rara no novo secretariado –, teriam que ter forte representatividade política, capacidade administrativa e apoio legislativo para enfrentar as adversidades pelas quais passa o município.

Parauapebas vive um momento extremamente delicado, não é para amadores.

Vejo que Darci construiu para si dois caminhos: no primeiro, os novatos surpreenderão a todos e Darci será reconhecido como um grande regente, que soube escolher os músicos certos para os lugares certos e no momento certo. 

O resultado será a recondução da cidade ao caminho da prosperidade ao som de uma linda e afinada orquestra.

Já o outro caminho é o do fracasso total. Os novatos, totalmente desafinados e sem lastro político ou legislativo, serão uma grande decepção e cairão um após outro como peças de dominó, mas em um processo que durará meses, talvez anos. Enquanto isso a cidade afundará ainda mais no caos administrativo.

Bem, se tivesse que dar um conselho ao prefeito, diria que Parauapebas vive o pior momento para experimentos ou apostas. O melhor a se fazer em tempos de crise é sempre o mais óbvio e para um governo a obviedade passa, inevitavelmente, por um pacto político entre Legislativo e Executivo.

Apostas altas, em raros casos, costumam fazer do apostador um homem rico. Mas em 99,99% das vezes fazem do apostador um falido, um mendigo.

Acompanho a carreira política de Darci há muitos anos e sou testemunha de sua competência, mas é evidente que seu sucesso não é resultado de competência pura e simplesmente. A sorte lhe sorri desavergonhadamente.

O problema está em confiar que a sorte jamais lhe abandonará.

Esse é o erro dos apostadores.


Marco Atílio - Analista Político para o Blog Sol do Carajás

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